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Política

Voz feminina na política: Margarete, Rejane e Iracema busca ocupar o cenário masculino

Por: Roberto - 08/03/2018

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Política. Definição no dicionário: arte ou ciência de governar. Substantivo feminino... Mas qual o espaço ocupado pelas mulheres nesse ambiente? Pelo visto não é muito grande, pois apenas 10% dos cargos políticos na Câmara dos Deputados são ocupados por mulheres, o que leva o Brasil à 154º colocação de países com representatividade de mulheres. Em meio a este diagnóstico preocupante da Inter-Parliamentary Union, três piauienses buscam fazer a diferença.

Iracema Portella, Rejane Dias e Margarete Coelho. Deputada federal, secretária de Estado da Educação/primeira-dama e vice-governadora do Estado, respectivamente. Características comuns: mulheres poderosas que buscam a evolução do Piauí através de uma voz-ativa. Vozes-ativas que falam cada vez mais alto para serem ouvidas em meio a um mundo dito masculino.

Margarete Coelho foi a primeira mulher a ocupar o cargo de governadora do Piauí, ao lado do governador Wellington Dias. A vice-governadora já ocupou a cadeira máxima do Palácio de Karnak, e até para isso precisou enfrentar o machismo. “O ambiente público ainda é muito masculino. As mulheres não se sentem bem ou acolhidas. É matar um leão por dia. Todo mundo lembra da primeira vez que assumi o Governo do Estado. Um jornalista disse que de que adiantava ter uma mulher no Karnak se o piso estava encardido e o jardim não estava bem cuidado. A primeira mulher em 200 anos e nenhum outro homem foi cobrado por isso. É como se o espaço fosse doméstico. É como se eu devesse estar cuidando de casa. É como se perguntassem: ‘o que essa daí está fazendo na política?’ É uma dificuldade de aceitação no espaço, mas estamos na luta”, lembra.

 (Crédito: Divulgação)

Rejane Dias é mais do que primeira-dama. Eleita como deputada federal, sendo a mais votada do pleito, atualmente ocupa o cargo de secretária de Estado da Educação, no qual tem feito um trabalho brilhante na pasta. “Eu costumo dizer que tudo que conquistei até aqui foi por Deus e minha família. Mas principalmente por um trabalho bem duro. Eu, particularmente, não tenho encontrado obstáculos para isso. Luto pela causa das pessoas com deficiência e, agora, na pasta da Educação temos avançado bastante. Mas meu caso não se aplica a todas. Na condição de parlamentar, com representação na Câmara, minha luta também é buscar incentivar as mulheres. Elas precisam tomar gosto pela política”, recomenda.

Iracema Portella é a terceira mulher piauiense a ocupar o cargo de deputada federal. Eleita com 91.352 votos, é membra titular das Comissões de Defesa do Consumidor, Políticas Públicas de Combate às Drogas, Comissão Especial da Primeira Infância e Comissão Parlamentar Mista da Exploração Sexual, além de suplente na Comissão de Seguridade Social.

“Termos como bancada do batom me soam machistas”

Iracema defende que não deve haver diferenciação na missão mulheres e homens na Câmara. “Prefiro não dividir o papel do homem parlamentar e da mulher parlamentar, porque acredito que ambos devem ter os mesmos objetivos: trabalhar por uma sociedade mais igualitária. Nós mulheres temos a missão extra de ocupar mais espaços de poder e abrir o caminho para que outras também ocupem”, define.

A deputada federal afirma que o melhor caminho é incentivar a participação de mais mulheres. “É mostrar a elas que fazer política independe de partido ou cargo eletivo. Se faz política nas ruas, dentro de casa, a consciência política precisa começar assim, e vejo avanços nessa área. Vejo mulheres bem jovens extremamente politizadas e considero isso muito positivo. Aos poucos estamos conquistando mais espaços e acredito que este é um caminho sem volta, porque a mulher faz diferença na política. É da natureza feminina pensar primeiro nos outros e depois em si, e essa é uma das essências da boa política”, analisa.

 (Crédito: Divulgação)

Iracema acredita que o ranço machista ainda está presente. “O machismo é mais velado, mas ainda existe. Alguns termos, como bancada do batom, por exemplo, me soam machistas. Não estamos na Câmara pelo batom, estamos por nosso trabalho, pela confiança que milhares de pessoas depositam em nós”, pontua.

“Uma questão que é comum a todas as parlamentares e que felizmente está sendo abraçada também por nossos colegas homens é a violência contra a mulher. Temos trabalhado para melhorar a legislação no sentido de proteger mais a mulher que é vítima de violência e garantir punição para os agressores. No que diz respeito a recursos, destinei emendas para a construção da nova maternidade de Teresina e para equipar a Unidade Feminina da Fazenda da Paz, dentre outras ações. Os seminários que realizo em todo o Estado com a Mulher Progressista e a Fundação Milton Campos também são importantes para o público feminino, pois tratam de empoderamento, mulher na política e prevenção ao uso de drogas, que é uma preocupação de mães, esposas, irmãs, lideranças comunitárias”, considera Iracema Portella.

“Ainda nos tratam como 'café com leite'”

Margarete Coelho declara que ainda existem muitas dificuldades que impedem que mulheres cheguem a cargos políticos. “O espaço para a mulher na política é muito pequeno. As pessoas costumam dizer que as mulheres não se elegem porque não querem, mas isso não é verdade. É uma falácia. Nós fazemos campanhas para que as mulheres participem da política e mais de 45% das filiadas em partidos são mulheres. Mas elas não estão presidindo partidos. Dos 35 partidos, apenas quatro são presididos por mulheres”, enumera.

Margarete afirma que o machismo ainda está presente na política (Crédito: Efrem Ribeiro) A vice-governadora ressalta que o machismo ainda está presente no jogo da política. “As mulheres não participam da divisão dos recursos do fundo partidário e do horário eleitoral gratuito. As pessoas fingem que dão espaço para as mulheres na política, mas é como se fôssemos ‘café com leite’: você pode até participar, mas não ganha a ‘brincadeira’. Você não está, de fato, no jogo”, pontua.

Margarete critica a falta da prática da legislação que destina uma cota de vagas para candidatas. “Dão 30% de vagas nas candidaturas para as mulheres, mas essas vagas são preenchidas com candidatas fictícias. Pessoas que não foram arregimentadas dos movimentos, que não têm capital eleitoral. Elas acabam nem fazendo campanha para elas, fazem pelos homens. Está aí uma enxurrada de ações na justiça provando esses entraves”, declara.

“Queremos bem mais, queremos ir para frente”

A secretária estadual de Educação, Rejane Dias, acredita que as mulheres são fundamentais para a discussão de temáticas sociais, mas que podem exercer e contribuir em qualquer área política. “A mulher tem como contribuir em todas as áreas, principalmente na causa social, que há muitos males que precisam ser resolvidos. As drogas, por exemplo. Devemos pedir políticas públicas dentro da própria educação. Ela dá uma grande contribuição nesta prevenção. Quanto mais tempo o aluno está na escola, dificilmente ele vai se envolver com a criminalidade e a violência. Por isso, defendo escolas de tempo integral. Nós dobramos o número destas escolas no Estado”, acrescenta.

 (Crédito: Efrem Ribeiro)

No entanto, ela acredita que um longo caminho precisa ser trilhado para a igualdade entre gêneros. E isso não está restrito apenas ao ambiente político e às casas legislativas. “A mulher tem que ocupar todos os espaços. A mulher tem, sim, ocupado espaço na política, mas precisa ocupar muito mais. A representatividade no legislativo e no executivo ainda deixa muito a desejar. Mas estamos avançando muito. No mundo empresarial, por exemplo, elas estão dando um show. No mundo acadêmico também. Mais mulheres estão se qualificando e passando em concursos. Mas queremos bem mais, queremos ir para frente”, conclui.

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