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Tecnologia

Já é possível descobrir o que uma pessoa está pensando

Por: Roberto Carvalho - 05/04/2010

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A estudante primeiro pensou em dançar. E dançou, nos braços do amigo. O cérebro dele deu a ordem abraçar. Foi um abraço bem demorado. Mas o que parece um simples encontro na universidade. É uma tempestade no cérebro dos estudantes.

Para que a tempestade do pensamento aconteça é preciso sangue em nosso cérebro. Esse fluxo de sangue, diferente a cada momento, é o que torna possível algo até então inimaginável: a leitura de pensamentos.

E você? Que pensamentos passam pela sua cabeça nesse momento? Desejos? Algum objeto? Sentimentos? É bom todo mundo ficar atento porque a ciência já tem hoje tecnologia suficiente para fotografar e até filmar o que acontece dentro do nosso cérebro e saber exatamente o que a gente está pensando.

Na Universidade Carnegie Mellon, no estado americano da Pennsylvania, o equipamento de ressonância magnética virou uma impressionante máquina de interpretação de pensamentos. O rapaz que vai passar uma hora e meia deitado ali dentro é voluntário de uma revolução científica.

Os pesquisadores dizem pra ele pensar, do jeito que quiser, nas palavras que aparecem no monitor: adorar, odiar, insultar. O computador divide o cérebro em 20 mil partes iguais, chamadas voxels. Por onde o sangue passa com mais intensidade, ou seja, nas áreas ativadas por aquele pensamento, os voxels ficam azuis. Nas áreas onde a atividade é ainda mais intensa, eles ficam amarelos. E depois vermelhos. A imagem gerada por cada pensamento é comparada com milhares de outras.

É pela semelhança entre a imagem produzida pelo novo pensamento e aquelas que estão catalogadas que o computador é capaz de dizer exatamente o que estamos pensando. Assim, eles constroem uma espécie de dicionário de pensamentos, como explica o pesquisador brasileiro Augusto Buchweitz.

“O computador não consegue fazer nada sozinho, a gente tem que dar os dados para ele, e ele vai procurar coisas que se repetem no cérebro das pessoas, que vai permitir identificar o conteúdo do pensamento de outras pessoas”, diz Augusto Buchweitz.

Uma imagem registra dois pensamentos opostos: o que aparece em azul são as áreas ativadas por uma pessoa com muito amor no coração. As partes em vermelho mostram o comportamento da mesma pessoa quando ela tem ódio por dentro.

Um dos autores da pesquisa, o doutor Marcel Just, diz que essa tecnologia poderá ajudar no tratamento de problemas psiquiátricos e neurológicos, identificando o que está errado com o pensamento e orientando a terapia e a prescrição de medicamentos.

Parece ficção científica mas, ainda este ano, os pesquisadores esperam ler os pensamentos de uma pessoa no exato momento em que eles estão acontecendo.

Por enquanto, a leitura de mente é um experimento embrionário que depende de máquinas pesadas e só pode ser feito dentro de um laboratório. Só que os psicólogos e neurocientistas querem muito mais. Eles acreditam que em pouco tempo vai haver um leitor de mentes que funcionaria à distância, decodificando o que passa pela cabeça de qualquer pessoa, seja para o bem ou para o mal.

Imaginem, por exemplo, um terrorista em uma estação de trem em Nova York. Ele monta um equipamento portátil capaz de ler mentes. Quer descobrir o código de acesso ao computador central do serviço de inteligência dos Estados Unidos. A mulher é uma agente do serviço de inteligência. O outro agente chega e revela o segredo, um novo código que garante o acesso a informações ultraconfidenciais.

Mas a tecnologia é tão avançada que não deixa o menor rastro. O espião terrorista usa o laser para escanear o cérebro da agente enquanto ela está lendo os números. Ela não percebe. Tudo o que ela pensa é interpretado pelo computador. E , número por número, o código secreto vai sendo revelado.

É claro que os pesquisadores esperam que a leitura de mente seja usada apenas para fins pacíficos. Mas é um tema tão intrigante que envolve instituições de pesquisa de todo o planeta.

No Japão, eles estão inventando uma máquina capaz de ler até o que nós estamos sonhando.

As experiências realizadas no Instituto de Pesquisas em Telecomunicações Avançadas, em Quioto, seriam chamadas de mágica, milagre ou telepatia há alguns anos. Mas não é nada disso. É ciência, com um objetivo ambicioso.

O cientista Yukiaso Kamitami diz: “A minha meta é gravar os sonhos”. Para chegar lá, os pesquisadores começaram a identificar imagens formadas no cérebro. Os primeiros testes foram bem-sucedidos.

Nos testes, os cientistas projetaram dentro do aparelho de ressonância magnética símbolos como um quadrado. Os voluntários que ficavam olhavam fixamente para a figura. O equipamento captou a atividade cerebral e um computador interpretou o que a pessoa estava pensando no momento. O resultado foi uma figura um pouco borrada, mas não resta dúvida de que a máquina conseguiu ler o pensamento.

Do lado esquerdo da imagem, aparecem os símbolos que o voluntário estava vendo. Do lado direito, as imagens que se formavam no cérebro. O resultado não é perfeito, mas chega perto.

Assim como na pesquisa americana, a principal ferramenta dessa tecnologia é um programa de computador capaz de reconstruir imagens que a gente vê a partir das oscilações do fluxo sanguíneo dentro do cérebro. Essas oscilações variam conforme o símbolo apresentado ao voluntário.

Os pesquisadores japoneses dizem que há teorias de que os sonhos são importantes, por exemplo, no processo de fixação do aprendizado. Se isso for verdade, o gravador de sonhos ajudaria o ser humano a aprender melhor.

O professor diz que o domínio dessa tecnologia ainda está longe de acontecer. Mas um dia o que se passa na nossa mente quando dormimos pode deixar de ser apenas um sonho que esquecemos no dia seguinte.

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